Solano Trindade

Multiartista negro brasileiro que atuou como poeta, ator, teatrólogo - criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB) - pintor, pesquisador e incentivador das culturas populares. 

Nem só de poesia vive o poeta*

há o “fim do mês”
o agasalho
a farmácia
a pinga
o tempo ruim, com chuva
alguém nos olhando
policialescamente

De vez em quando
um pouco de poesia
uma conta atrasada
um cobrador exigente
um trabalho mal pago
uma fome
um discurso à moda Ruy

E às vezes uma mulher fazendo carinho
Hoje a lua não é mais dos poetas
Hoje a lua é dos astronautas

*Poema inédito declamado na ocasião do centenário de Solano Trindade

A escrita do Povo Negro na Voz Poética de Solano Trindade

Francisco Solano Trindade (1908 – 1974) foi um multiartista negro brasileiro que atuou como poeta, ator, teatrólogo - criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB) - pintor, pesquisador e incentivador das culturas populares. Seu nome e legado constituem-se em verdadeiro ícone no campo da literatura afro-brasileira, pois seu desempenho como escritor e agitador cultural, na época em que os brasileiros remanescentes de africanos incrementavam as lutas em prol de sua afirmação identitária, inclusive através de organizações de cunho social e político, passou à história e constitui-se atualmente como importante referência do que seja um intelectual ativo e participante. Envolvido com o pensamento de esquerda, o autor construiu uma obra na qual o fator econômico e as desigualdades sociais são abordadas de forma íntima com as questões de raça e cor, conforme afirma a estudiosa Daniela Guedes, da UFMG. O nome “Solano” significa “o vento do levante” - expressão que coaduna com a atuação desse poeta negro brasileiro que muito fez e representou para o cenário cultural e político do país.


Nesse sentido, Rebechi Jr. (2021, p.210) considera que “Num país, como o nosso, onde a cada dia jovens negros e negras são assassinados em muitas periferias de todas as grandes cidades, Solano Trindade deveria ser poeta obrigatório nas escolas. Por várias razões, é um poeta do povo, é um poeta para os jovens do Brasil. Solano Trindade consegue realizar algo um tanto raro em matéria de poesia: ao mesmo tempo em que percorre uma dicção de alta qualidade de composição e sem imitações, à maneira academicista, de escolas ou de poetas canônicos, sua poesia apresenta um alto engajamento político. Poesia e política ascendem a um só tempo, sem a vulgaridade panfletária comum em empreitadas desse tipo”.

Francisco Solano Trindade nasceu na cidade de Recife, capital do estado de Pernambuco, na data de 24 de julho de 1908. De berço humilde, cresceu no bairro São José, junto ao seu pai, o sapateiro Manoel Abílio, e à sua mãe, a doméstica e quituteira Emerenciana. Neto de negro e branca pelo lado paterno e de negro e indígena do lado materno, suas raízes são típicas da miscigenação que constitui a identidade da maioria dos brasileiros.

Embora não tenha avançado nos estudos em nível superior, concluiu o equivalente ao ensino médio e cursou um ano de desenho no Liceu de Artes e Ofícios da capital pernambucana. Ainda menino estabeleceu contato com a cultura popular e o folclore, levado pelo pai, que dançava Pastoril e Bumba-meu-boi nas ruas do Recife em seus dias de folga. O carnaval, suas figuras, o maracatu, e o frevo o fascinavam. Apreciava novelas, literatura de cordel e poesia romântica, fazendo essas leituras com e para a mãe, que era analfabeta. Começou a escrever seus primeiros poemas na década de 1920, ainda bem jovem. No ano de 1935 casou-se com Maria Margarida, terapeuta ocupacional e coreógrafa, com quem teve quatro filhos.

Vivenciou a década de 1930 na fase da maturidade, período que foi marcado em todo o mundo pela ascensão do nazismo e do fascismo, que iriam controlar quase toda a Europa a partir da deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A polarização ideológica entre direita e esquerda contaminou as discussões sobre arte e literatura. A noção mítica de "raça superior", oriunda do cientificismo racialista do século XIX, impulsionou fortemente a discriminação racial existente no Brasil desde a colonização. O autoritarismo segregador defendido pelo discurso nazifascista se espalhou pelo país a partir da crescente pregação do Partido Integralista, dirigido pelo escritor Plínio Salgado.

Em contrapartida à Ação Integralista Brasileira (AIB), dá-se o fortalecimento na Imprensa Negra, bem como a criação da Frente Negra Brasileira, que também se organizou em forma de partido político e fortaleceu a resistência dos afrodescendentes em sua luta pela obtenção da cidadania plena, a começar pelo direito à Educação, passados mais de 40 anos de vigência da Lei Áurea. Nesse período, Solano Trindade participou em Recife do I Congresso Afro-brasileiro, organizado por Gilberto Freyre, que reuniu dezenas de intelectuais voltados para a discussão da contribuição cultural da diáspora africana no Brasil. Participou também do II Congresso Afro-brasileiro, realizado posteriormente em Salvador.

Em 1936, entusiasmado com os movimentos em prol da consciência negra, que se espalhavam nas principais cidades do país, fundou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileira, juntamente com o poeta Ascenso Ferreira, o pintor Barros e o escritor José Vicente Lima. Esse órgão tinha como objetivo, dentre outros, promover a pesquisa da afrodescendência na cultura e na história, buscar a expressão afro-brasileira na literatura e nas artes em geral, além de promover a divulgação de intelectuais e artistas negros. Em seu documento de fundação, o Centro de Cultura Afro-brasileira proclama: “não faremos lutas de raças, porém ensinaremos aos irmãos negros que não há raça superior, nem inferior, e o que faz distinguir uns dos outros é o desenvolvimento cultural. São anseios legítimos a que ninguém de boa-fé poderá recusar cooperação” (Apud FARIA, in: TRINDADE, 1981, p. 15).

No mesmo ano de 1936 Solano Trindade estreou na literatura com a publicação de Poemas negros. A coletânea de sua autoria, editada em Recife, polemizou a imprensa, junto com o livro homônimo do também nordestino Jorge de Lima, lançado no mesmo ano e trazendo a público o discutido poema "Nêga Fulô". Na década seguinte, 1940, depois de passar por Belo Horizonte e Porto Alegre, fixou residência no Rio de Janeiro, onde se integrou aos círculos literários e culturais e se engajou com outros artistas afrodescendentes.

Em 1944, lançou Poemas d’uma vida simples, seu segundo livro, que obteve boa repercussão junto à crítica da época, porém não agradou às autoridades ditatoriais, rendendo-lhe perseguição e prisão pelo Estado Novo, bem como a apreensão dos exemplares do livro. Fontes indicam que o poema “Tem gente com fome” que integra o compilado poético tenha sido o motivador da revolta. Amante devotado das formas populares de representação, o poeta assistiu à criação do TEN – Teatro Experimental do Negro – fundado em 1944 por Abdias Nascimento. Em 1945 constituiu o Comitê Democrático Afro-brasileiro, que se estabeleceu como braço político do TEN.

Em 1950 Solano Trindade fundou em Caxias, na Baixada Fluminense, ao lado da esposa, Margarida Trindade, e do sociólogo Edison Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro (TPB), que contava com um elenco formado por domésticas, operários e estudantes e tinha como projeto estético-ideológico "pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte", conforme dizia Trindade, frase que se tornou o slogan do Teatro Popular Solano Trindade, na cidade de Embu das Artes, onde a família mantém viva a memória e a obra do poeta. Ainda na década de 1950, os espetáculos de canto e dança apresentados pelo TPB foram levados a vários países da Europa.

Em 1958 lançou seu terceiro livro, Seis tempos de poesia, publicado em São Paulo. A partir dos anos de 1960, o poeta passou a residir em Embu, nas cercanias de São Paulo. Persistente em seus ideais, deflagrou grande movimentação artística e cultural na cidade. Espetáculos sucederam-se, atraindo público da capital e estimulando o desenvolvimento da pintura e do artesanato local. A pequena cidade de Embu transformou-se mais tarde em Embu das Artes, tornando-se atração turística.

Em 1961 foi publicado seu quarto livro, Cantares ao meu povo, cujos originais haviam sido enviados a Roger Bastide, um dos primeiros estudiosos da poesia afro-brasileira, que se encantou com os poemas contidos na obra. Doente e cansado, Solano Trindade deixou Embu para residir em São Paulo. Faleceu em 1974, aos 66 anos, no Rio de Janeiro, para onde voltou já doente. Foi sepultado pela família no Cemitério da Pechincha, em Jacarepaguá, contrariando alguns relatos recorrentes de que ele teria sido enterrado como indigente. “Minha mãe e minha irmã fizeram para ele um enterro decente”, afirmou Raquel Trindade, filha de Solano, também escritora, artista plástica e coreógrafa em Embu das Artes, falecida no ano de 2018.

Solano foi o grande criador da poesia assumidamente negra, segundo muitos críticos. Em síntese, os livros lançados por ele foram: Poemas Negros (1936),  Poemas de uma Vida Simples (1944), Seis Tempos de Poesia (1958) e Cantares ao meu Povo (1961). Como ator, participou dos filmes “Agulha no Palheiro” (1955), “Mistérios da Ilha de Vênus” (1960) e “O Santo Milagroso” (1966). Trabalhou ainda no filme “A hora e a vez de Augusto Matraga” (1965), dirigido por Roberto Santos. Exerceu as artes plásticas, pintando quadros a óleo, sendo que um de seus quadros integra o acervo do Museu Afro Brasil.

Solano Trindade é nome de rua, de biblioteca, de instituições, de centros culturais, de memoriais, de escolas e de núcleos de cultura e museus. Suas obras estão contidas em diversos livros didáticos existentes no setor da educação.

Em Embu das Artes, Solano virou nome de uma rua no centro expandido da cidade. Neste mesmo município, sua filha Raquel Trindade (1936 – 2018) criou o Teatro Popular Solano Trindade e, juntamente com ela, netos e bisnetos do artista cuidam para que a memória do Poeta do Povo permaneça viva. No Recife, cidade natal do escritor, uma estátua de Solano em tamanho natural, feita pelo escultor Demétrio, encontra-se no Pátio de São Pedro. No Rio de Janeiro uma biblioteca leva seu nome e no Museu Afro Brasil, dentro do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, uma foto e um quadro relembram o artista. Seus poemas transpuseram fronteiras, fazendo com que ele conquistasse admiradores em países como Tchecoslováquia e Polônia.

O QUE DIZEM SOBRE O POETA DO LEVANTE

Diversos críticos e estudiosos da literatura e da cultura brasileira analisaram a obra de Solano Trindade, enfatizando a importância de seu legado. Veja a seguir uma seleção de algumas opiniões expressas e publicadas em periódicos, artigos e outras fontes: 

"Organizando bailados, editando revistas, promovendo espetáculos e conferências, incansável em sua atividade, poucos fizeram tanto quanto ele pelo ideal da valorização do negro”. Sérgio Milliet, poeta e crítico literário.

“Pela sua trajetória, o artista estava onde o povo estava porque, sendo ele fruto da classe popular, fez de sua obra literária o espaço de voz e de ação de sujeitos populares, primando por reconstruir a história e imagem do Brasil, a partir do ponto de vista do negro”. Assunção de Maria Sousa e Silva, doutora em Literaturas de Língua Portuguesa e professora da Universidade Estadual do Piauí.

“Entre os raros poetas negros que conheço neste Brasil mestiço, Solano Trindade é o que melhor me satisfaz. Ele é negro, sente como negro, e como tal cantou as dores, as alegrias e as aspirações literárias do afro-brasileiro”. Abdias do Nascimento, poeta e militante.

“Sua obra poética, na qual se incluem livros como Poemas de uma vida simples (1944), Seis tempos de poesia (1958) e Cantares ao meu povo (1961), é fortemente antirracista, expondo as camadas e estruturas históricas, sociais e culturais do preconceito racial. A valorização das fontes de cultura popular também está presente, assim como uma lírica amorosa dedicada à paixão pela mulher negra ". Jorge Miranda, poeta,  professor de Literatura e mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela FALE-UFMG.

“Há nesses versos uma força natural e uma voz individual rica e ardente que se confunde com a voz coletiva”. Carlos Drummond de Andrade, poeta.

“Chamado também de poeta do amor e da liberdade, Solano levou sua arte ao mundo, em 1955, com o grupo de 55 atores do Teatro Popular do Brasil, entre empregadas domésticas, comerciários, operários, tecelãs, artesãs e autônomos à Europa onde se apresentaram no Festival de Varsóvia, capital da Polônia, realizando espetáculos em praça pública para mais de sete mil pessoas. Também mostrou sua arte ao Festival de Arte Popular na Tchecoslováquia – atual República Tcheca”. Prefeitura de Recife (publicação na página virtual).

“Aprecio esses poemas que realizam uma síntese entre o passado e o futuro, entre as aspirações de reis proletarizados e as canções do folclore, entre o amor moderno, à sombra das chaminés de usina, e o amor místico, sob o olhar dos orixás”. Roger Bastide, sociólogo Francês.

“Imagine um homem negro, considerado por intelectuais e crítica especializada como um dos nomes mais relevantes do cenário cultural brasileiro. Imagine-o como uma pessoa consciente da importância de seu papel, mas ligado às suas origens e preocupado com questões sociais. Depois de sua morte seria natural que ele, considerado um gênio, fosse imortalizado através da propagação de seu nome e de sua obra, certo? Sim, isso seria mais do que justo. Mas não foi o que aconteceu com Solano Trindade”. COJIRA (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial) de Alagoas.

Tem Gente com Fome

Trem sujo da Leopoldina
Correndo, correndo, parece dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome
Estação de Caxias
De novo a correr
De novo a dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome
Tantas caras tristes
Querendo chegar em algum destino
Em algum lugar
Sai das estações
Quando vai parando começa a dizer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Se tem gente com fome, dá de comer
Mas o trem irá todo autoritário
Manda o trem parar
– Shhhhiiiii!

Sou Negro

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação

O canto do trabalhador

Amanhã será melhor,
É o canto do trabalhador,
Que sai cansado do campo,
Que sai cansado da fábrica,
Para o desconforto do lar…
Amanhã será melhor,
É o canto do trabalhador,
Que sofre exploração,
Que luta contra o fascismo,
Que não quer escravidão…
Amanhã será melhor,
É o canto do trabalhador,
Que vai pro campo de guerra,
Sem esperança de voltar,
Pra seu lar, pra sua terra…

Advertência

Há poetas que só fazem versos de amor
Há poetas herméticos e concretistas
enquanto se fabricam
bombas atômicas e de hidrogênio
enquanto se preparam
exércitos para guerra
enquanto a fome estiola os povos…
Depois
eles farão versos de pavor e de remorso
e não escaparão ao castigo
porque a guerra e a fome
também os atingirão
e os poetas cairão no esquecimento…

Chamada

Poetas despertai enquanto é tempo
antes que a poesia do mundo
vá-se embora
antes que caia sobre o homem
um peso insuportável…
Vinde correndo
cantar o vosso canto de Amor
para que as crianças
não sucumbam
Vinde com a vossa poesia
socorrer as mulheres
para que elas não caiam em desespero
Vinde poetas
pois vós
conheceis o segredo da vida…

Navio negreiro

Lá vem o navio negreiro
Lá vem ele sobre o mar
Lá vem o navio negreiro
Vamos minha gente olhar…
Lá vem o navio negreiro
Por água brasiliana
Lá vem o navio negreiro
Trazendo carga humana…
Lá vem o navio negreiro
Cheio de melancolia
Lá vem o navio negreiro
Cheinho de poesia…
Lá vem o navio negreiro
Com carga de resistência
Lá vem o navio negreiro
Cheinho de inteligência…

Convocação

Contra o fascismo,
Marchemos, camaradas,
A liberdade nos chama,
Para o dia de amanhã,
Deixemos os nossos lares,
Deixemos as amadas,
Partamos para a frente,
Partamos, camaradas!
Contra o fascismo,
Marchemos, camaradas,
Soframos nesta noite
Por grande amanhecer,
É mais belo o sol,
Depois das enxurradas,
Partamos para a frente,
Partamos, camaradas!
Contra o fascismo,
Marchemos, camaradas,
Vamos libertar
O trabalhador,
Das terras que ficaram
Ao nazismo escravizadas,
Partamos para a frente,
Partamos, camaradas!
Contra o fascismo,
Marchemos, camaradas,
Teremos a nossa parte
Na salvação do mundo
Com as das estepes,
As nossas avançadas,
Partamos para a frente,
Partamos, camaradas!

Esperemos

Eu ia fazer um poema para você
mas me falaram das crueldades
nas colônias inglesas
e o poema não saiu
ia falar do seu corpo
de suas mãos
amada
quando soube que a polícia espancou um companheiro
e o poema não saiu
ia falar em canções
no belo da natureza
nos jardins
nas flores
quando falaram-me em guerra
e o poema não saiu
perdão amada
por não ter construído o seu poema
amanhã esse poema sairá
esperemos.

Nem só de poesia vive o poeta

Nem só de poesia vive o poeta
há o “fim do mês”
o agasalho
a farmácia
a pinga
o tempo ruim, com chuva
alguém nos olhando
policialescamente
De vez em quando
um pouco de poesia
uma conta atrasada
um cobrador exigente
um trabalho mal pago
uma fome
um discurso à moda Ruy
E às vezes uma mulher fazendo carinho
Hoje a lua não é mais dos poetas
Hoje a lua é dos astronautas
(Poema inédito declamado na ocasião do centenário de Solano Trindade)

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Última atualização: sábado, 6 jan. 2024, 15:38